O laboratório de morfologia e morfometria cerebral é um serviço de consultoria em neuroimagem, baseado em ressonância magnética, dirigido primariamente à investigação de pacientes com epilepsia. Esta consultoria está fundamentada em 30 anos de experiência clínica e pesquisa, que tiveram início em 1994, no Instituto de Neurologia de Montreal (MNI), McGill University.
O início das minhas atividades no MNI coincidiu com um upgrade recente da Ressonância Magnética, que permitiu a aquisição de imagens de alta resolução. A disponibilização de dados mais precisos impulsionou o desenvolvimento de diversas técnicas de mensuração do volume das estruturas cerebrais, com destaque para a mensuração do volume dos hipocampos, reduzidos em várias condições, principalmente epilepsias temporais mediais e doença de Alzheimer.
Este upgrade também repercutiu na investigação das epilepsias extra-temporais. Utilizando a reformatação multiplanar (MPR), o Dr. Barkovitch (USF) juntamente com o Dr. Andermann (MNI-McGill), relataram a detecção de anormalidades em 8 de 15 pacientes com epilepsia parcial, cujos estudos anteriores falharam em revelar lesões (1995). A reformatação multiplanar (MPR). Desde então, a MPR é utilizada para análise meticulosa de giros e sulcos, com o intuito de identificar lesões sutis, principalmente áreas de displasias.
Visando reproduzir o resultado positivo observado na USF, assumi esta tarefa sob a solicitação do Dr. Andermann, passando a trabalhar também junto ao departamento de radiologia. O trabalho utilizando a reformatação multiplanar proporcionou os elementos para a concepção de uma nova técnica de processamento de imagem, culminando com a criação da reconstrução curvilinear. Após a publicação de um estudo piloto ( ), recebi a ajuda do então estudante de mestrado em engenharia biomédica, Roch Comeau, que também se interessou pela abordagem utilizada. Os anos seguintes foram dedicados ao desenvolvimento de um software que permitiu a obtenção de imagens curvilineares mais aperfeiçoadas, consolidando a utilidade da reconstrução/reformatação curvilinear. Mais aperfeiçoada, a reconstrução curvilinear possibilitou aumentar a sensibilidade na detecção das displasias corticais mais sutis e melhorar a caracterização morfológica das diversas patologias associadas à epilepsia, particularmente as malformações do desenvolvimento cortical.
Tive ainda o privilégio de trabalhar e adquirir novos conhecimentos junto ao Centro de Cirugia de Epilepsia do Hospital das Clínicas da USP em RP, e na Universidade de Alberta, na província de Edmonton, Canada. Em 2009 retornei à minha terra natal, onde participo da seleta equipe de cirurgia de epilepsia do Instituto de Neurologia de Goiânia.
Nos últimos anos, dediquei-me à atualização de novos métodos de processamento de imagem, com o propósito de acompanhar o rápido desenvolvimento desta subespecialidade. Este processo ensejou a motivação de focar a minha atividade profissional de modo exclusivo à neuroimagem, o que culminou com a criação do Laboratório de Morfometria Cerebral (LMC), uma estrutura direcionada a prestar consultoria na investigação das epilepsias, unindo as informações obtidas com novas ferramentas de computação gráfica com a experiência acumulada ao longo de 3 décadas.